terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Como a indústria discográfica matou os shows e como o download tem trazido os artistas para perto do público

Título grande, mas muito claro em relação ao que pretendo dizer. É importante salientar que tudo o que estou escrevendo é meramente uma impressão minha do que eu vejo acontecendo e não algo baseado em estudos e dados concretos. É só meu pitaco num assunto polêmico.

Será mesmo que o download de músicas vai acabar com os artistas, com os músicos, cantores e compositores? Ou apenas com a indústria discográfica?

Passados alguns vários anos da invenção e popularização de programas como o napster, praticamente todos os usuários de computador baixam músicas – dentre outras coisas – nas suas máquinas para consumo próprio.

É importante salientar esta parte – a do consumo próprio – porque é o descaracteriza a pirataria. Pirataria, como vem escrito nas telas de qualquer filme original, é a cópia para venda, reprodução em espaço público ou qualquer outro ganho monetário a partir da mesma. Como é para consumo próprio, não foi vendida, não foi exposta em espaço público nem houve um ganho monetário em cima dessa cópia.

Voltando, aos fãs dos mais diversos artistas e estilos de música baixaram os arquivos e escutam como nunca as músicas dos mesmos. Ou seja, do ponto de vista artística da indústria musical, os músicos nunca foram tão apreciados, seguidos, decorados e reproduzidos.

Mas, como disse antes, se trata de uma indústria, o negócio é ganhar dinheiro. Nesse sentido, realmente os artistas têm saído um pouco no prejuízo. Mas será que a culpa é apenas dos downloads?

Eu acho que num país como o Brasil, cujo salário mínimo é de $510,00, como se pode querer popularizar a música com discos de 30 a 50 reais? Não dá. Mesma para a classe média, que ganha consideravelmente mais que isso, pesa no bolso gastar essa grana para escutar 15 músicas.

Principalmente se levarmos em conta o preço para se produzir um cd. Se levarmos em conta o valor de aluguel de estúdio, profissionais, mixagem, pós-produção, fabricação do cd, gravação do mesmo, fotos para a capa, confecção da capa, produção das imagens, armazenamento  e transporte, o valor de cada cd sai quanto? Eu não sei ao certo, mas tenho certeza de que não seja nem perto dos 30 reais. Se somarmos o valor de marketing – nada se vende só, nem água – diria que nem assim chegaria nos 15 reais.

Então o resto do dinheiro seria de lucro da gravadora, contrato do artista e lucro do varejista. É bastante grana para cada cd feito. O que significa que o cd está caro por cobiça da indústria, o que só empurra cada vez mais o consumidor para os downloads.

No entanto, não vemos os artistas definhando sem dinheiro e pedindo esmolas. Então como fazem eles para continuarem ganhando dinheiro?

Bom, primeiro de tudo, os fã continuam comprando seus cds e dvds. São mais bonitos, mais bem-feitos, vêm com extras e são colecionáveis – o que é muito importante para quem gosta.

No entanto, o que venho notando como real fonte de renda deles, é que aumentaram o número de shows. Não dá para falsificar um show. Tá, é claro que dá pra falsificar o ingresso, mas é bem mais fácil de controlar.

Sim, eu sei que o preço dos ingressos são caros, fora da realidade brasileira também. também acho que poderiam fazer mais barato. Mas é fato que, para quem é fã, um show ao vivo, em cores, no meio da multidão, cantando junto e sentindo a energia dos artistas e do público vale muito mais que um cd em casa.

Então é uma situação em que os artistas ganham – sua grana está garantida –, seus fãs ganham, mas as gravadoras não ganham tanto quanto gostariam.

O reflexo disso são dois. As gravadoras ficam tentando assustar os consumidores que realizam downloads, processam os sites de armazenamento de arquivos e gastam rios de dinheiro para desenvolver tecnologia anti-cópia – apenas para que sejam desenvolvidas tecnologias mais avançadas pró-cópia.

O segundo são mais shows pelo mundo. Nos EUA e Europa sempre rolaram muitos shows. E, embora no Rio e em Sampa haja uma tradição de receberem shows de artistas internacionais, “nunca na história deste país” houve tantos shows internacionais.

Por isso que acho que, embora sejam importantes em várias partes do processo da indústria musical, as gravadores em geral contribuíram para o encarecimento dos produtos, para a diminuição dos shows pelo mundo e pelo elitismo cultural.

Os downloads trouxeram a indústria musical para um momento saudoso, com mais shows pelo mundo, artistas conectados com os fãs e fãs mais numerosos e mais ligados aos artistas.

Isso tudo para dizer que eu apóio o download de músicas pela internet.

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